Dados da Abrale apontam que
esse tipo de câncer no sangue atinge 4 a 100 mil brasileiros, representando 8
mil novos casos por ano
Com o tema “Mieloma múltiplo: conhecer para
combater!”, a campanha Março Borgonha tem o intuito de conscientizar a respeito
da doença que atinge, principalmente, a população acima de 60 anos. Conforme a
Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), a doença afeta 4 a cada
100 mil brasileiros, o que representa 8 mil novos casos por ano. O médico
hematologista do Hemolabor, Dr. Marcelo Rocha Barbosa relata que a doença é o
segundo tipo mais comum de câncer no sangue e afeta as células de defesa dos
pacientes, bem como responsável por fraturas patológicas, infecções de
repetição e piora na qualidade de vida dos pacientes vítimas da doença.
“As células cancerígenas, que causam o Mieloma
Múltiplo, infiltram a medula óssea, origem das células do sangue, e
prejudicam a produção das células sanguíneas essenciais para o bom
funcionamento de todo o corpo, bem como, redução importante da imunidade pela
produção defeituosa de imunoglobulinas que são responsáveis por nossa barreira
imunológica. Há uma proliferação anormal de células chamadas plasmócitos
monoclonais, onde temos marcadores específicos que identificam a origem clonal
(neoplásica) destas células, infiltrando a medula óssea e podendo causar lesões
ósseas como fraturas patológicas ou tumores denominados plasmocitomas (nome
este derivado da origem celular), bem como infecções de repetição”, explica o
especialista.
Pesquisa realizada pela Abrale em 2023, com 164
pacientes, mostrou que 94% deles nunca tinham ouvido falar sobre o Mieloma
Múltiplo antes de receber o diagnóstico. 30% dos entrevistados alegaram um
tempo maior que 6 meses para procurar um médico, mesmo com o surgimento de
sintomas. O levantamento apontou ainda que 45% esperaram ao menos seis meses
para de fato serem diagnosticados com o Mieloma Múltiplo. Após a confirmação do
quadro, 82% ainda esperaram mais de trinta dias para iniciarem o tratamento.
Marcelo Rocha alerta que o diagnóstico não é
considerado simples e pode demandar consultas com diferentes especialistas.
"A investigação deve acontecer a partir do surgimento das primeiras
manifestações clínicas e laboratoriais como dores ósseas refratárias e
persistentes, fraqueza, infecções de repetição, fraturas espontâneas ou com
mínimos traumas, anemia, insuficiência renal, entre outros. Em muitas
situações, os sintomas podem mascarar doenças comuns ou aparecer de forma a
confundir a equipe médica. A alta suspeição clínica deve sempre estar no radar
dos profissionais de saúde".
E como chegar a esse diagnóstico de forma precoce?
Um bom Check-up anual é uma forma eficaz para antecipar possíveis problemas,
bem como um acompanhamento médico com profissionais capacitados. Quanto mais
cedo a doença for identificada, maiores são as chances de um tratamento
bem-sucedido.
"O tratamento avançou de forma rápida nos
últimos anos, o que trouxe qualidade de vida, mínimos efeitos colaterais e,
principalmente, segurança ao paciente e a toda sua família, reduzindo as
complicações e minimizando o tempo em que os mesmos ficam aguardando nos
centros de infusão", finaliza o médico.