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Doze mandamentos para a vida real que os livros não ensinam

 

Samuel Hanan*

  Existem muitas lições que não estão nos livros. Há coisas que só aprendemos com o tempo. A experiência de vida é, muitas vezes, o melhor de todos os mestres.

                Quem já viveu bastante também já errou muitas vezes. O erro faz parte da natureza humana. Entretanto, o que nos faz mais fortes e melhores é a capacidade de aprender com os equívocos.

                Acumular conhecimento não basta. É preciso saber aplicá-lo em nosso dia-a-dia em busca de nossa felicidade. É necessário ser honesto em qualquer circunstância, manter-se ético, cultuar a verdade e praticar a justiça, a humildade e a solidariedade.

                Ao longo da vida – e lá se vão algumas décadas – elaborei para minha própria conduta profissional um rol de 12 mandamentos que muito me ajudaram e que me permito compartilhar. São eles:

1 – Nunca perca a liquidez. Patrimônio perdido e lucros escassos podem ser recuperados, mas a falta de liquidez tem efeito devastador, inclusive sobre o patrimônio;

2 – Ninguém aprende pela boca. O aprendizado nos chega pelos olhos e pelos ouvidos;

3 – Muito cuidado com o que se fala. Anatomicamente, o homem não foi feito para falar em demasia. Na dúvida, ponha em prática a teoria do espelho, pondo-se na frente de um.  Ele vai refletir dois olhos, duas narinas, dois ouvidos, duas pernas, dois braços e apenas uma boca;

4 – Tenha o compromisso que quiser, menos um: com seus erros. É preciso saber dizer: “errei”. Esconder ou defender os próprios significa a certeza de repeti-los; reconhecê-los é o melhor caminho para aprender com eles;

5 – Divida os méritos. Seja generoso nos elogios dirigidos aos membros de sua equipe. Valorize o “nós” e, na medida do possível, evite o “eu”. Ninguém conquista nada sozinho. Valorize quem está ao seu lado, contribuindo para o sucesso;

6 – Seja extremamente cuidadoso e criterioso na aceitação de convites para o comparecimento em palestras, conferências e eventos do gênero. Sobretudo se houver a presença e/ou coordenação de notáveis renomados porque eles dificilmente falarão o que realmente pensam, mas sim o que querem que você faça e adote;

7 – Tenha cuidado redobrado com as expansões do seu negócio. A euforia leva a endividamentos e provoca mais quebradeiras do que as crises de demanda de mercado e de margens de lucro, estas sempre passageiras. Otimismo não faz mal, porém deve vir sempre acompanhado de muito planejamento;

8 – Administrar ou comandar um negócio é, sobretudo, se antecipar ou antever os prováveis eventos futuros, sejam eles positivos ou negativos. Sempre é melhor prever do que prover. Prever: antecipar, planejar, buscar alternativas. Prover: necessidade de suprir, necessidade de se endividar; espécie de pronto-socorro ou UTI, do qual nunca se sabe se conseguirá sair.

9 – Talento e genialidade são importantes, é claro. Entretanto, não se pode contar indefinidamente e apenas com isso. A constância e a disciplina prolongam a vida das empresas sem a dependência de lampejos. No mundo dos negócios, austeridade traz resultados muito mais efetivos – e duradouros - que oba-oba.

10 – Não classifique as pessoas pelo que elas têm no bolso, e sim pela capacidade de seus cérebros. Por meio dos estudos, o Homem adquire conhecimentos; por meio dos conhecimentos, adquire saber e, por meio do saber, conquista o que há de mais nobre na humanidade: a liberdade;

11 – Reuniões muito longas tendem a ser pouco produtivas. As reuniões devem ser bem planejadas, objetivas e propositivas. O ideal é que, para elas, sejam convocados integrantes de dois níveis hierárquicos, como superintendentes e diretores ou diretores e gerentes. Nessas ocasiões, adote como regra pedir primeiramente a opinião da pessoa de nível hierárquico inferior, para depois ouvir a de cargo imediatamente superior (evita a inibição e reduz contribuição)

12 – A utilização de verbos no gerúndio é um veneno que contamina o negócio ou a empresa. “Estudando”, “planejando”, “terminando” e termos similares denotam que não se tem data para concluir qualquer tarefa ou projeto. Evite-os. Ao contrário, quando se diz “Isso estará pronto em 7 dias (ou 7 meses ou 7 anos)”, está se colocando um prazo para a conclusão. Não por acaso, no termo “protelando” o verbo está no gerúndio.

 

                Nota: Esse não é propriamente um código de conduta, mas um guia, elaborado com base em muitos anos de experiência corporativa e que pode orientar ações e provocar reflexões e mudanças de comportamento. Serve para os negócios e pode ser útil também para a vida pessoal.

 

*Samuel Hanan é engenheiro com especialização nas áreas de macroeconomia, administração de empresas e finanças, empresário, e foi vice-governador do Amazonas (1999-2002). Autor dos livros “Brasil, um país à deriva” e “Caminhos para um país sem rumo”. Site: https://samuelhanan.com.br


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