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Junho Violeta: coçar os olhos pode levar à cegueira na infância, alerta especialista

 

 Fila por transplante de córnea já passa de 32 mil pessoas no Brasil

Junho é o mês de conscientização sobre o ceratocone, uma doença oftalmológica que pode progredir silenciosamente e levar à cegueira se não for tratada a tempo. Caracterizado pelo afinamento e deformação progressiva da córnea, o ceratocone atinge principalmente adolescentes e adultos jovens, mas também pode se manifestar precocemente na infância.

Dados mais recentes do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), divulgados em junho de 2025, mostram que mais de 32 mil pessoas estão atualmente na fila de espera por transplante de córnea no Brasil, o que reforça a importância da detecção precoce de doenças que comprometem a estrutura corneana, como o ceratocone. Embora não existam levantamentos consolidados apenas sobre o número de crianças, especialistas alertam para a escalada de casos graves entre os pequenos.

“Nos pacientes pediátricos, o ceratocone tende a evoluir mais rapidamente: devido a elasticidades da córnea ser maior, a criança ter o comportamento de risco de coçar os olhos e a doença ter a chance de ter mais tempo de progressão devido ao seu início precoce. Muitas vezes, ele só é diagnosticado quando a doença já está avançada, o que aumenta significativamente o risco de transplante e de perda visual permanente”, explica a oftalmologista Mayra Melo, especialista em córnea do CBV - Hospital de Olhos.

A condição pode se manifestar de forma sutil, dificultando o diagnóstico em crianças, especialmente as que ainda não conseguem expressar claramente os sintomas. Entre os principais sinais estão visão embaçada, dificuldade para enxergar à noite, aumento acelerado do grau dos óculos, especialmente do astigmatismo.

O hábito de coçar os olhos está diretamente relacionado ao agravamento da doença. “O ato de esfregar os olhos com frequência, principalmente em crianças com alergias oculares, é um dos principais fatores de risco para o avanço do ceratocone. Essa fricção constante enfraquece a estrutura da córnea e acelera sua deformação”, alerta a médica.

De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), o ceratocone está entre as principais causas de transplante de córnea no país. O tempo médio de espera por uma nova córnea já ultrapassa os 190 dias em algumas regiões, sendo o transplante a única alternativa nos casos mais avançados.

O diagnóstico pode ser feito por exames simples e não invasivos, como topografia e tomografia de córnea. “Quando descoberto precocemente, o ceratocone pode ser controlado com tratamentos como o crosslinking, que fortalece as fibras colágenas da córnea e impede a progressão da doença”, explica a especialista. Óculos e lentes de contato também são utilizados nas fases iniciais. Em quadros avançados, podem ser indicados anéis intracorneanos ou o próprio transplante.

A oftalmologista reforça que a prevenção é um fator-chave, especialmente entre as crianças. “É fundamental ensinar desde cedo que não se deve coçar os olhos e levar em consulta de rotina, essa atitude simples pode evitar danos irreversíveis à visão”, conclui.

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