O ponto alto das Cadeias de Suprimentos (SC) está na visibilidade, seja de materiais e/ou das informações entre todos os seus elos. Isto se deu devido as tecnologias emergentes, exigências ambientais, mudanças geopolíticas e novas expectativas dos consumidores que atingiram as entregas em menos de 24 horas, integração entre os canais físicos e digitais tipo “click and collect” na loja ou nos “smart lockers” (armários inteligentes) etc.
A Supply Chain reinventa-se todos os dias. Cada vez mais as cadeias de suprimentos são orientadas ao cliente com personalização massiva.
Compliance em tempo real com fornecedores auditados automaticamente por IA (inteligência artificial).
O emprego da gestão via dados mestres em cadeias globais.
Modelos de “Supply Chain as a Service “ (SCaaS), com terceiros operando parte da cadeia.
Uso de digital procurement com múltiplas fontes, simulações de risco etc.
Reshoring e nearshoring, enquanto o primeiro consiste no retorno de atividades industriais para o pais de origem, como forma de reduzir taxas, fretes e problemas relacionados a cultura e falta de flexibilidade de alguns fornecedores, o nearshoring consiste na terceirização de serviços em países estrangeiros com características similares ao pais de origem.
Esta regionalização da produção visa reduzir os riscos geopolíticos como a análise continua do impacto de falhas e otimização de redes globais.
A visibilidade de ponta a ponta com blockchain (“track&trace)” inclui compliance dos fornecedores, terceiros etc.
Assim, a logística colaborativa aumenta a capacidade de resposta conjunta por meio de parceiras estratégicas com operadores logísticos e empresas de transporte.
A globalização criou cadeias de suprimentos longas e complexas. Uma falha num porto asiático pode afetar fábricas no Brasil. Os riscos são inúmeros e podem chegar de todas as partes: pandemias, conflitos, catástrofes naturais, ciber ataques e falhas tecnológicas.
A computação na nuvem é essencial para a transformação digital nas empresas, permitindo o acesso remoto aos dados e ao processamento, oferecendo escalabilidade e flexibilidade.
Os datacenters são a infraestrutura invisível que suporta a conectividade digital. A tendência está na eficiência e na sustentabilidade, com datacenters modulares e refrigeração líquida para reduzir a pegada de carbono.
A descentralização em instalações menores melhora a latência e a orquestração para reduzir os custos operacionais.
A “Edge Computing” é uma evolução da cloud, que aumenta a velocidade de processamento e é essencial para as aplicações IOT e de realidade aumentada que requerem respostas em tempo real.
Investir em tecnologias como Big data e IA são fundamentais para aprimorar a gestão da supply chain.
A integração em tempo real dos sistemas de ERP, WMS, TMS e MES é crucial.
As plataformas de Supply Chain, torres de controle, conectando dados dos fornecedores, produção, distribuição, vendas e clientes numa logística inteligente.
Diversificação e segmentação de fornecedores estratégicos, inteligência artificial e machine learning visando uma Supply Chain inteligente, IA generativa para simulação de cenários de malhas.
Previsão de demanda com IA baseada em dados do clima, comportamento do consumidor e redes sociais.
Janelas de entrega e risco de devoluções,” microfulfillment centers”e hubs urbanos integrado, ”crodsoursing” de entregadores (uber, 99 etc) e experiência de entrega autônomas.
Algoritimos de otimizações de rotas, níveis de estoque e programação da capacidade operacional.
Analise preditiva, com ferramentas que não apenas mostram o que podem acontecer (previsões) mas também sugere ações.
Resiliência como capacidade de prever, resistir, adaptar-se e recuperar as disrupcoes . Envolve visibilidade, agilidade, colaboração e inovação.
Resiliência foca na continuidade do negócio, mesmo em cenários adversos.
Uma cadeia eficiente pode ser frágil. Uma cadeia resiliente pode ser robusta, mesmo que ligeiramente menos eficiente em tempos normais. Resiliência e agilidade continuarão sendo os principais ativos de uma cadeia de suprimentos realmente eficiente.
Roteirização dinâmica com IA (fatores ambientais, trafego, riscos etc.), last mile com alta precisão, com veículos autônomos, drones eVTOL (complexos portuários, mineração, transporte de órgãos humanos, combate a incêndios em locais de difícil acesso etc.) integrados com sensores de IOT conectados a equipamentos, veículos etc. para garantir rastreabilidade total.
Sustentabilidade na Supply Chain é a adoção de processos que contribuem para que um produto e/ou serviço cause o menor impacto durante toda a sua vida.
Em outras palavras, consiste na implementação de boas práticas que reduzem ou até mesmo eliminam, reflexos negativos nos âmbitos ESG (econômico, sociais e ambientais).
Uso de embalagens sustentáveis com reutilização de componentes e reciclagem integrada.
Logística Verde, numa economia cada vez mais circular.
IA generativa usada para o planejamento de malhas logísticas e simulação de cenários.
Estruturas de Supply Chain adaptativas baseadas em gêmeos digitais com continuas simulações.
O princípio do gêmeo digital (digital twin) tem se destacado como ferramenta estratégica, pois é uma réplica virtual perfeita, com ativos físicos e processos operacionais alimentadas por dados em tempo real.
Na Supply Chain isso se traduz na modelagem virtual de armazéns, frotas de veículos, cadeias de suprimentos e até mesmo produtos individuais.
Ao combinar técnicas de simulação com análise preditiva, o gêmeo digital testa cenários complexos, antecipa falhas e otimiza o desempenho da operação de forma continua e sustentável.
Armazéns automáticos AS/RS, empilhadeiras autônomas, conveyors ou monovias inteligentes.
Automação de processos com robôs RPA - Robotic Process Automation combinada com IA para processos operacionais.
Robôs automáticos com AMR´s (autonomous mobile robots) e sistemas shuttle.
Robôs humanoides possuem a estrutura corporal básica próxima a de humanos, mas pode-se instalar dispositivos (robôs) sobre duas pernas em vez de rodas ou numa base fixa, introduz uma série de problemas de engenharia e segurança. Por exemplo, se a energia for cortada, um robô bípede geralmente cai no chão, podendo causar danos a objetos ou pessoas próximas.
Portanto estes “humanoides” podem movimentar-se através de rodas que os levam até os transportadores contínuos que levam os materiais (contentores) até outras partes da instalação. Mas estas restrições serão contornadas em breve.
Aplicações no atendimento ao cliente, controle de inventário e requisições a fornecedores.
Segurança cibernética com uma gestão robusta da segurança dos dispositivos IOT e dos sistemas de controle.
Sistemas redundantes e planos de contingência para falhas de rede ou black out dos sistemas.
A segurança dos dados é fundamental, especialmente na cloud, exigindo medidas robustas de ciber segurança. Além disto a escassez de talentos em tecnologias emergentes, como a IA, a cloud e a análise de dados, gera uma concorrência feroz, aumentando os salários e criando um ambiente altamente competitiva para contratação de especialistas.
E finalmente a adoção dos modelos de linguagem de grande escala (LLMS) representa uma mudança na forma como gerencia uma cadeia de suprimentos, onde a previsibilidade deu lugar a volatilidade, a fragmentação de dados, a complexidade das operações em tempo real.
*Reinaldo A. Moura é engenheiro industrial com mais de 50 anos de experiência, é fundador do Grupo IMAM (1979) e atual conselheiro. Pioneiro na introdução de conceitos como Intralogística, Kanban, 5S e Lean no Brasil, atuou em mais de 100 empresas com treinamento e assessoria. Diretor técnico das Missões de Estudo da IMAM ao Exterior, é também publisher da Revista LOGÍSTICA desde 1980, atual conselheiro da INTRA-LOG Expo & Fórum. Possui formação pela FEI e mestrado pela Poli-USP, além de ter lecionado em instituições como FEI, Mackenzie e Mauá. Autor de diversos livros.