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Brasil: um país que lê pouco

Pesquisa realizada pelo Instituto Pró-Livro mostra que o brasileiro lê apenas cinco livros por ano

O Brasil é tradicionalmente um país com pouca leitura. O brasileiro lê em média 4,96 livros por ano. 43% da população diz que não lê por falta de tempo. A maior parte dos livros são indicados por escolas e muitos deles são lidos apenas em partes. É o que diz o estudo do Instituto Pró-Livro que ouviu 5 mil pessoas em todas as regiões do Brasil, entre 23 de novembro e 14 de dezembro de 2015.

Os livros religiosos são os mais lidos segundo a pesquisa e 42% disseram ter o hábito de ler a Bíblia. Entre as leituras frequentes estão os contos e os romances, com 22% da preferência do público. Os livros didáticos são lidos por 16% da população e os infantis 15%.

Um retrato deste cenário é a estudante Jessica Sousa, 21. Ela relata que lê apenas três livros por ano, muitos indicados por sua faculdade. “Eu tenho hábito de ler jornal e revista. Agora uma história longa eu leio muito pouco”, conta.

Segundo a pesquisa mais de 60% das pessoas preferem assistir televisão, ouvir música ou navegar na internet em seu tempo livre. É o caso do fotógrafo Anderson Alves, 28, que afirma não gostar de ler nada. “Eu gosto de ver vídeos, tutorial, essas coisas”.

Os motivos por trás deste pequeno número de leituras no país é a sua cultura. É o que afirma Lucio Teles, especialista em educação da Universidade de Brasília. “A família não tem essa prática de ler e a televisão tomou esse espaço”. Ele conta ainda que a internet e todos os seus recursos dificultam o hábito das pessoas lerem mais, já que esses meios oferecem diversas possibilidades de interação, por exemplo. “Há uma dificuldade do aluno ler grandes textos”.

Mercado editorial
43% da população diz que não lê por falta de tempo segundo pesquisa do Instituto Pró-Livro

Em 2016, a comercialização de livros no Brasil caiu 8,9%. Foram 4,5 milhões de livros vendidos, inferior aos 4,9 milhões em 2015, segundo dados do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel).

Para Fabiano Cardoso, sócio de uma editora de livros em Brasília, além da crise que vive o país o brasileiro não tem uma cultura de ler muito. “O brasileiro não lê, esta é a crise”. O empresário conta que os livros que têm muitas vendas são lançamentos de grandes distribuidoras internacionais, que não tem muito problema com caixa, e escritos por autores estrangeiros. “O Brasil quando vende alguma coisa é ‘best seller’ ”, afirma.

Cardoso relata que a área que mais sofre com a crise são as das grandes redes, com suas “megastores”, pois seguem uma lógica de mercado. Ele comenta que as pequenas livrarias estão voltando a crescer, porque têm um público mais fiel e que acabam tendo mais contato com o livreiro. “O livreiro em geral conhece o que está vendendo”, diz. Cardoso explica que este contato ajuda o leitor a conhecer novas obras, e ele pode até sair do local com mais livros do que esperava. O que numa grande livraria acaba sendo mais difícil.

Amantes da leitura

Apesar do pequeno número de leitura da população, existem os “amantes da literatura”, que são pessoas que usam este hábito como um hobby. É o caso da Lilian Pascoal, 29, dona de casa, que chega a ler vinte livros por mês. Lilian diz que gosta de praticamente todos os tipos de livros, e que alcançar este grande número é bem fácil. “Quem tem o hábito de leitura, lê rapidinho”. A dona de casa ainda conta que incentiva sua filha. “Eu compro o livro que ela quer ler”, brinca. Lilian diz que observando a mãe ler, a filha acaba se interessando. “É uma questão de exemplo”, afirma.

Karine Fernandes, 24, dona do blog “Books and Carpe Diem”, conta que já leu 46 livros apenas este ano. Ela relata que sua paixão por livros deu inspiração para o blog que mantém hoje em dia, e que gosta de vários gêneros como romance, época e erótico. “Eu acabo lendo um pouquinho de tudo”, diz.

Para manter o hábito de leitura Karine e Lilian participam de “encontros de literatura”. Os encontros são financiados por editoras, onde leitores vão para debater sobre algumas obras de um determinado tema. As duas participaram da última edição do “Encontro de fãs de Romances de Época” oferecido por uma editora num shopping center de Brasília, no começo de abril.

Chegando a sua 4ª edição o “Encontro de fãs de Romances de Época” ocorre em várias capitais do Brasil. O evento tem o intuito de promover este gênero Literário, e discutir sobre alguns livros das autoras e respectivas séries mais amadas pelos fãs de Romances de Época; como Julia Quinn (Simplesmente o paraíso), Eloisa James (Quando a bela domou a era) e Lisa Kleypas (Escândalos na primavera).

Por Douglas Rodrigues.
Edilayne Martins

"Não viva para que a sua presença seja notada, mas para que a sua falta seja sentida." (Bob Marley)

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